sexta-feira, 16 de julho de 2010

Anormais


Há um tipo de preguiça que me aflige particularmente.
Eu foco aquela preguiça que tem por consequência um problema existencial.
Aquela preguiça criada por uma falta de garra, de vontade de viver.
Aquela preguiça que sentem aquelas pessoas que tiveram a sua auto estima muito em baixo.
Aquela preguiça que deixa pessoas pregadas na cama de manhã portanto com os olhos bem abertos, esgotadas, sugadas, de mãos amarradas porque sentem que é impossível ficar preenchidas, sabem que aquilo que elas mais desejam está fora do seu alcance…e que os seus sonhos parecem impossíveis.
Alguns dirão “levanta-te e vai fazendo…mais tarde ou mais cedo vais colher os frutos dos teus esforços”.Outros tantos dirão “ preguiçoso…não gosta de ninguém, é um egoísta que só quer boa vida, não quer trabalhar”.

Mas no meio desses preguiçosos aí mencionados, existem algumas pessoas muito infelizes e amarguradas porque nunca sentiram um “amor” ou uma “amizade” desinteressados. Essas aí já se esforçaram muito faz tempos, em que deram uns bons litros de suor para quem amaram mas nunca sentiram retroactivos, bem pelo contrário era-lhes exigido sempre mais. Já trabalharam a tempo e horas, fazendo um bom trabalho mas receberam em troca pontapés e desprezo dos colegas de trabalho por ciúmes.
Lutando sozinhos durante anos e anos, sem família para ser apoiados, sem amigos por serem uns desenraizados, uns sobreviventes que infelizmente um dia acabaram por desistir depois de uma grande depressão…mas finalmente um dia largaram os comprimidos e reuniram forças porque o ódio preencheu o coração. Assim se curaram decidindo então que nada neste mundo merece que eles ponham em causa a sua saúde ou o seu bem-estar e começaram a viver o dia a dia á maneira deles, evitando contactos sociais, momentos afectivos, negando o amor que podem sentir, e negando qualquer tipo de sofrimento, cegos, claro, no dia em que um verdadeiro amor finalmente aparece nas suas vidas.
Essas pessoas viraram egoístas sim, e ainda mais solitárias. Uns monstros aos olhos de muitos, uns anormais aos olhos de todos.

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