quinta-feira, 29 de julho de 2010

Nada mudou... anda



Anda, nada mudou...
Anda,
Tantos loucos como nós se amaram,
Teimando em querer ficar juntinhos...
Deixarmo-nos um ao outro é impossível.

Anda, cola-te bem a mim,
Conhecemo-nos por demais para esquecer
Que as nossa almas são bem parecidas.
Eu sem ti, não posso viver.

Nada mudou...
Anda,
Temos tantas noites para entregar um ao outro,
Em cada sonho estamos juntos,
Deixarmo-nos um ao outro é impossível.

Nada mudou...
Anda,
Tantos loucos como nós se amaram,
Teimando em querer viver juntinhos,
Deixarmo-nos é impossível.


Nfhmily

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Anormais


Há um tipo de preguiça que me aflige particularmente.
Eu foco aquela preguiça que tem por consequência um problema existencial.
Aquela preguiça criada por uma falta de garra, de vontade de viver.
Aquela preguiça que sentem aquelas pessoas que tiveram a sua auto estima muito em baixo.
Aquela preguiça que deixa pessoas pregadas na cama de manhã portanto com os olhos bem abertos, esgotadas, sugadas, de mãos amarradas porque sentem que é impossível ficar preenchidas, sabem que aquilo que elas mais desejam está fora do seu alcance…e que os seus sonhos parecem impossíveis.
Alguns dirão “levanta-te e vai fazendo…mais tarde ou mais cedo vais colher os frutos dos teus esforços”.Outros tantos dirão “ preguiçoso…não gosta de ninguém, é um egoísta que só quer boa vida, não quer trabalhar”.

Mas no meio desses preguiçosos aí mencionados, existem algumas pessoas muito infelizes e amarguradas porque nunca sentiram um “amor” ou uma “amizade” desinteressados. Essas aí já se esforçaram muito faz tempos, em que deram uns bons litros de suor para quem amaram mas nunca sentiram retroactivos, bem pelo contrário era-lhes exigido sempre mais. Já trabalharam a tempo e horas, fazendo um bom trabalho mas receberam em troca pontapés e desprezo dos colegas de trabalho por ciúmes.
Lutando sozinhos durante anos e anos, sem família para ser apoiados, sem amigos por serem uns desenraizados, uns sobreviventes que infelizmente um dia acabaram por desistir depois de uma grande depressão…mas finalmente um dia largaram os comprimidos e reuniram forças porque o ódio preencheu o coração. Assim se curaram decidindo então que nada neste mundo merece que eles ponham em causa a sua saúde ou o seu bem-estar e começaram a viver o dia a dia á maneira deles, evitando contactos sociais, momentos afectivos, negando o amor que podem sentir, e negando qualquer tipo de sofrimento, cegos, claro, no dia em que um verdadeiro amor finalmente aparece nas suas vidas.
Essas pessoas viraram egoístas sim, e ainda mais solitárias. Uns monstros aos olhos de muitos, uns anormais aos olhos de todos.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sentinela


Parei em frente ao prédio e olhei para o teu andar.
Não via nenhuma luz, nem aquele vulto amigo que me faz sempre um gesto de adeus na hora da despedida.
Dei uma volta ao prédio. As tuas janelas encontravam-se no escuro, será que estás mesmo aí ?
Que vontade meu Deus, que vontade louca de estar contigo.
Mas no fundo imaginava-te deitado e a dormir, era o mais provável a essa hora.
Mas decidi mandar-te uma mensagem... que insolência a minha.
Eu quero-te tanto mas também sei que os teus compromissos são importantes e que tu precisas de descansar, eu entendo.
Èra tarde, e tu não podias, não devias, não querias entrar nesse meu "delírio".

Louca varrida, arranquei de carro deixando uma fumaceira atrás de mim e percorri uma boa distância até achar uma rotunda bem mais á frente, e aí dei por mim a dar meia volta, como atraída e incapaz de me afastar do teu prédio, da tua sala, do teu quarto...rs...de TI Safado.

Parei o carro e abri as janelas. Acendi mais um cigarro e fechei os olhos.

Lentamente eu levei a minha mão ao rosto e começei por instinto a desenhar com o meu dedo o contorno dos meus lábios húmidos, respirando devagarinho, enquanto o vento acariciava os meus cabelos.

Passei de seguida uma mão por baixo da minha t-shirt para brincar com os meus seios, imaginando a tua língua sorrateira.

Deixei finalmente descair o meu braço direito e meti a mão nas minhas calças. Acariciei-me, da forma como tu gostas de ver e imaginei-te de repente ali, penetrando-me de uma vez, impaciente, enquanto eu enterrava a minha língua na tua boca.

Que calor, que noite quente e que desespero.

Saí de repente do carro, precisava de apanhar um pouco daquela brisa fresca. Encostei-me á porta, acendendo outro cigarro. Soprei o fumo para bem longe, suspirando. Pensei em ligar-te para poder ao menos ouvir a tua voz a sussurrar ao meu ouvido, ou mesmo sem dizeres nada... apenas sentir-te a respirar.

Mas que fraqueza a minha. Pensei em forçar a porta do prédio e despir-me deseperadamente no elevador enquanto não chegava á tua porta, para de seguida abri-la como uma ladra e deitar-me ao teu lado devagarinho, culpada por não ter horários decentes, aiii...mas ia-me sentir tão feliz.

Pensei sim e imaginei, imaginei muito nessa noite, via-me a trepar as paredes, subindo cada andar com a esperança de te poder tocar.

Que noite complicada, que vontade...

Voltei para dentro do carro. Arranquei de novo, parando aqui e acolá mas sempre rondando o teu prédio, prestes a assaltar-te...

Meu Deus como é difícil não te ter nesses momentos,

Como é difícil não te ter para sempre.
Mais um cigarro...baixei a cabeça e respirei bem fundo. Sentindo-me finalmente conformada por umas horas, e lá arranquei eu para a minha casa, desconsolada e com um maço de tabaco vazio pousado no assento ao lado.
Que noite... mas noite foi a de hoje....quando finalmente pude estar contigo.


IWYSM


Lili

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Rega-me !



Rega-me ! Dizem que faz bem á pele
mas eu pouco me importo,
tira-me essa pele, essa fronteira entre nós.
Come tudo, escava, rói,
e chega-te bem ao fundo
onde nunca ninguém permaneceu.

Hum...sim safado, mexe-te e rega-me outra vez
não por minha pele,
mas sim pelo prazer do teu gozo
pelo brilho nos teus olhos
pelos tremores do meu corpo.

Eu cavalgo-te, eu toco-te,
hummm...como eu amo tocar-te,
com minha boca,
com minha língua
e com tudo o que nos une.

Rega-me safado, sempre que poderes.


Lili

Pablo Neruda


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi : não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda